terça-feira, 2 de setembro de 2008

É NÓIS NA FITA...

Você já se perguntou por quê (ou será “porque”? Ou então “porquê”, ou ainda simplesmente “por que” – já li mil vezes, mas tenho um bloqueio mental com porquês...) o sucesso de “coisas” como Eguinha Pocotó e Garota Melancia? Da audiência de um Programa do Gugu ou do Big Brother Brasil enquanto que a programação da TV Cultura “dá traço” no IBOPE?

Procurando por respostas você, que assiste ou curte um dos citados entre tantos outros, pensa que “...é coisa do povão”...?

Não, não é. É de classe média, gente com TV, computador e acesso à internet. Possivelmente repetiremos aqui no Brasil a conformação americana de sociedade, de uma classe-média composta por Hommers Simpson.

Esse post deveria estar no
Não Seja Medíocre, do colega e um dos únicos três leitores deste blog no planeta, Roberto Bechlufft, mas como ando ficando sem assunto (uma possível prova de minha mediocridade), vou postar assim mesmo.

No elucidativo Nossa classe média é culturalmente pobre
(leia inteiro aqui) Marcelo Spalding cruza uma pesquisa da FGV com dados publicados pelo jornalista Carlos Scomazzon em sua coluna do portal Artistas Gaúchos, "Afinal, quem tem acesso à cultura no Brasil?" e constata que, se por um lado o dinheiro está chegando às camadas menos favorecidas da população com o devido alarde midiático feito pelo Homem de Nove Dedos, trazendo-a a um novo patamar social – o de classe-média – o mesmo não acontece com o que se chama, arbitrária e jocosamente dirão alguns, de cultura.

Quem fez Humanas, principalmente Comunicação, na faculdade deve ter estudado o fenômeno de down–up cultural, uma reversão na qual o que antes era “cultura imposta pelas elites” (ópera, balé clássico e essas coisas que hoje quase ninguém mais gosta) começa a perder espaço para a cultura popular. Nada de mal nisso não fosse a indústria cultural perceber seu potencial de lucros, pasteurizar o processo e se aproveitar dele com o que de pior se produz em nome da audiência.

Mas, claro, ninguém tem tempo ou quer pensar sobre isso. Aliás, ninguém mais quer pensar sobre coisa alguma. Todos já têm problemas demais, não é mesmo?

Pois é. Depois não reclame de que não tem nada de bom na TV.

Aliás, se não tem nada de bom na TV, por que (porque, porquê, por quê...) você não pega um livro?...

2 comentários:

robertobech disse...

Quando você começa um blog como este, ou como o meu, precisa ter em mente que VAI ter poucos leitores, exatamente pelos motivos que você descreveu. Eu já aceitei essa realidade no meu blog. Com o tempo você começa até a achar divertido. É por isso que um dos meus primeiros posts diz que "as minorias sempre têm razão".

Não sei se você já leu essas distopias tipo 1984 ou Admirável Mundo Novo. Nelas, os cidadãos comuns são bombardeados por cultura popular, e os poderosos estão cheios de livros, ouvindo música clássica. Eu acho que mesmo os poderosos vão ser cada vez menos cultos, mas a idéia não está de todo errada: para mim, poucos serão cultos, mas isso não vai ter relação com classes sociais.

Acho que sou um cara muito pessimista para acreditar que o mundo vá ser muito diferente disso. Eu já me satisfaço se um pequeno grupo de pessoas interessadas puder continuar tendo acesso à cultura. Hoje, preciso fuçar para descobrir coisas interessantes, mas quando descubro, ao menos posso ter acesso a elas. Espero que pelo menos isso não mude. Fui professor por um ano, e odiava com todas as minhas forças os alunos que não queriam aprender. É mais ou menos isso que penso a respeito do resto do mundo. Se o sujeito quer ser ignorante, azar o dele. Não vou lutar por essas almas perdidas. Mas se ele quiser sair desse lamaçal, se estiver interessado, aí sim vou ser o primeiro a estender a mão.

Unknown disse...

Poxa, eu também leio!